sábado, 23 de julho de 2011

Entrevista com Piloto da RNoAF (Força Aérea Norueguesa)





Nathália Zafira Andrade, 2º Tenente da RNoAF concedeu-nos o privilégio de uma entrevista EXCLUSIVA sobre sua carreira como aviadora militar em uma Força Aérea estrangeira. Ela pilota as aeronaves F-5 e F-16, fazendo parte do Esquadrão de Patrulha da Força Aérea Norueguesa. Confira a entrevista na íntegra.

Aviação Hoje: Como se deu o processo de sua entrada na Força Aérea Norueguesa?

Nathalia Zafira: Bem eu morava sozinha com minha mãe no meio de um vale perto de Thromdheim em um casebre (sim nós eramos pobres). Um dia fui a cidade e fiz uma amizade, que me ensinou o que me restava em relação a estudos, bem um tempo depois esse grande amigo meu (M.C.Z.) me disse que haveria um teste concorrendo a algumas vagas para iniciar o estudo de piloto da RNoAF (para ser piloto). Eu fiz o teste e passei, algum tempo depois fui convocada para iniciar o estudo. Mais tarde iniciou o treinamento prático com o Saab Safari.

Aviação Hoje: E quando você entrou, como foi a escalada lá dentro, como era a vida de militar, os treinamentos, conte-nos um pouco sobre o tempo que voce passou na RNoAF:

Nathalia Zafira: A vida lá não era tão folgada como parece, no ínicio havia um pouco de tudo, o principal era os estudos teóricos sobre aviões, sistemas, funcionamentos, instrumentos, etc. Também tinha treinamento militar de resistência física com muitos exercícios físicos e corridas. Mais tarde aprendemos técnicas para suportar a uma força G maior que o comum, e também havia um treinamento em uma Centrífuga, onde eramos expostos a uma enorme Força G positiva... mais tarde comecei a operar em missões e patrulhas aéreas, fora o treinamento para especializar suas técnicas de pilotagem militar (Manobras, táticas, etc...)


Aviação HojeComo mulher, voce sofreu alguma dificuldade lá dentro, ou alguma coisa que se sentiu em desvantagem em relação aos homens, que são a grande maioria nesses ambientes de trabalho?


Nathália Zafira: No começo eu nunca levei como preconceito, sempre levava na esportiva. também nunca ninguém ficou com birra de mim lá dentro. Mas o pessoal brincava quando tinha treinamento físico ou de resistência (por eu suportar um pouco menos que eles) mas com o ritmo eu acostumei e suportava o treino como eles; (só não tinha a mesma força claro) E as vezes faziam alguma brincadeira quando era minha vez de fazer algum teste ou pilotar por ex. "Agora o avião cai". Rsrsrs mas eu sempre levei na esportiva e ria de tudo isso; Somos uma equipe e temos uma grande amizade, com todos os aviadores.


Aviação Hoje: Você comentou pra nós que já pilotou o T-27 da RAF, que é da Shorts. Qual é a diferença dele pro Embraer?


Nathália ZafiraBem estes pilotei fora da Força Aérea, vamos começar pela diferença de tamanho e peso.. o SHORTS é alguns centímetros maior e um pouco a mais de peso, mas em comparação, ele tem os ailerons e leme um pouco mais largo, que facilita e o deixa mais manobrável, sua estrutura é um pouco mais reforçada, o cockpit é um pouco diferente do EMBRAER mas quase imperceptível para os leigos, sua hélice possui 4 pás ao invés de 3... o motor diferente do Embraer Pratty & Whitney de 750 shp é um Garret tubohélice de 1100 shp, isso torna o mais rápido e mais potente, existe vários equipamentos diferentes e modernos, mas bem se eu for citar todas as diferenças com certeza iremos ficar um dia inteiro... posso dizer que o SHORTS T-27 é o Supertucano filho do Emb-312 e Pai do Emb-314.


Aviação Hoje: Você já teve alguma experiencia curiosa, perigosa, diferente ou peculiar que queria compartilhar com a gente?


Nathália ZafiraBem uma vez, fazendo patrulha, perdi a noção do tempo e espaço, quando estava retornando para a base aérea, o alarme do combustível informou que o tanque estava quase vazio. Não havia aeroporto e nenhum tipo de pista por perto, e não daria pra chegar com aquele combustível até a base, o que fiz fui subir lentamente na tentativa de ver algum local para pouso ou tentar chegar até algum aeroporto. O combustível acabou e logo as turbinas apagaram, eu declarei emergencia, nesse momento não tinha contato com ATC no rádio (pareciam que ficaram em silencio) voando apenas com o impulso e perdendo altitude vagarosamente, ouvi chamar o rádio, até hoje não sei quem é, mas este honorável ATC me informou que logo na esquerda atrás da montanha havia uma especie de "terreno todo concretizado". Era um espaço para alvo militar e treinamento.. ele me informou a proa e disse que eu poderia pousar ali. Quando avistei o local percebi logo que não havia espaço suficiente para pousar, então já estava prestes a ejetar, quando o ATC me instrui do que fazer, voando muito baixo , com os trens e flaps, ele me instruiu a quase entrar em stall, e a pouco menos de 1.5 metros do solo entrar em stall a uma velocidade extremamente baixa, mesmo assim a aeronave não iria parar a tempo, o que fiz foi ligar o tailhook. A aeronave aterrizou e parou um pouco mais que o espaço suficiente que havia.. sofreu alguns danos mas todos reparáveis.


Aviação HojeTeve algum avião que vc gostou muito de pilotar, se vc tem preferencia por algum, ou que você não gostou de pilotar ?


Nathália ZafiraAdoro pilotar aviões rápidos e manobráveis, F-5; F-16; e o Shorts T-27; Não gosto de aviões do tipo CF-104.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário